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UM FLÂNEUR NO COVIL DOS LEÕES - CL Web Rádio

UM FLÂNEUR NO COVIL DOS LEÕES

Por Wendell Setubal*
Imagem: Reprodução/Internet

ANDAR sem rumo, sem compromisso, observando a cidade, este o significado da palavra francesa flâneur, popularizada por Walter Benjamin, filósofo marxista, um dos criadores da Escola de Frankfurt.

FUI a dois lugares que podem ser chamados de covil dos leões: a OAB São Gonçalo e a Câmara dos Vereadores. A Câmara, majoritariamente composta por picaretas que querem poder e dinheiro; a OAB, com uma diretoria de direita. Alguém retrucará, como ser um flâneur se tinha um rumo, aliás dois? Iria, mas não falaria nada. Só observaria.

Sexta-feira

A ORDEM dos Advogados homenageou uns trinta jornalistas, alguns já falecidos, ressaltando as dificuldades e os perigos da profissão. No início, não entendi o porquê da homenagem agora. Parecia extemporânea. Formada a Mesa, começou o evento.

UM dos organizadores afirmou que os jornalistas foram perseguidos na ditadura militar e estão sendo AGORA na democracia. Pior, antes o jornalista era perseguido e preso, mas o órgão de comunicação continuava. Agora, fecham o local e confiscam seu dinheiro no banco!!! Pronto, estava explicado o evento.

QUEM está sendo processado são os produtores de Fake News, que ganharam fortunas, todos bolsonaristas. Seus blogs foram fechados por veicularem mentiras. O tal do Allan, “exilado” nos Estados Unidos, vive ou viveu bem lá. Colocar um sinal de igual entre um inescrupuloso como este Allan e o jornalista Vladimir Herzog, preso e assassinado pela ditadura, em 1975, é prova de má-fé. A diretoria direitista da OAB usou os jornalistas de São Gonçalo para mostrar que a perseguição continua. Blogueiros falsos e mentirosos têm de ser processados e julgados. Recorro a Karl Popper, filósofo de direita, brilhante, para retrucar a direção da OAB. Popper dizia: até quando o tolerante vai tolerar a intolerância? Leia-se extrema direita, a Intolerância neofascista.

Segunda-feira

FOI aniversário da Lei Maria da Penha, 17 anos. Para quem esqueceu, o marido de Maria da Penha atirou nela, deixando-a tetraplégica. No Brasil, há leis que pegam e outras não, dizem. Apesar da Lei Maria da Penha estar em vigor, aumentam os casos de feminicídio.

A VEREADORA Priscila do PT organizou um ato das 14 às 18 horas DENTRO da Câmara; das 18 às 19 horas, o Ato na rua. Dentro, tinha bastante gente, me disseram. Na rua, nem 20 pessoas, só vanguarda.

QUAL o problema? O PT deu uma guinada para o campo institucional tão acentuada que se esqueceu das ruas. Exceto no período eleitoral. Não culpo as pessoas que foram embora, sua tarefa era a ida à Câmara, isso foi feito.

NÃO sou “movimentista”, reconheço a importância do institucional (poder legislativo, no caso), mas, quando passa a ser o protagonista, há alguma coisa com esta esquerda. Os críticos chamam de “melhorismo” essa tática de uma esquerda que nem na propaganda questiona o capitalismo. E as mulheres de São Gonçalo, onde estavam? Na Ponte, voltando do trabalho, em que produziram o mais-valor que enriquece os patrões, divididos entre “bons”, que apoiam Lula, e maus, em geral o agronegócio, bolsonaristas empedernidos.

RESUMO: uma solidariedade a “jornalistas” pseudoperseguidos e um ato que bombou na Câmara e foi pra rua vazia. Apesar disso, a esquerda avança, aumentam os filiados ao PSOL, as massas querem se livrar de suas burocráticas direções sindicais (por que votam nelas?). O velho otimismo da esquerda.

O FLÂNEUR está cansado de observar, quer agir. Como? Fica pra próxima.

*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.

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