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Por José Luiz Rodrigues Sertã
O título do texto é uma expressão muito bem formulada por Darcy Ribeiro e pertinentemente resgatada pelo economista Nildo Ouriques, que caracterizava o modo produção escravista dos engenhos de açúcar do nordeste colonial, no seu livro “O povo brasileiro” e que pode ser estendida para expressar, muito bem, o sistema capitalista.
Se pudéssemos resumir o nascimento do capitalismo em um filme, seria certamente um filme de terror. Algumas pessoas inocentes ou, no mínimo, oportunistas reproduzem a ideia da possibilidade de existir um capitalismo não selvagem, mas não sabem que o capitalismo já nasceu selvagem e tratou de triturar povos inteiros para acumular capital para seu sistema de classe burguês.
A escravidão foi um bom começo para sua acumulação primitiva, com o sistema colonial português, através de sua burguesia, que financiou empresas e expedições para extrair ouro, pau-brasil e etc. No Brasil, foi um modelo de exploração das riquezas dos povos. A expulsão dos servos das suas terras para dar lugar à criação de ovelhas, na obtenção de lã para a crescente indústria capitalista inglesa, foi outro exemplo.
O capitalismo transferiu populações inteiras para outras regiões para criar um mercado para seus produtos. Destruiu as comunidades africanas, que viviam harmonicamente, invadindo seus territórios, dividindo suas tribos para dominar e explorar suas riquezas. Traficou seres humanos negros para serem usados como escravos nas suas colônias. Nada disso foi pacífico.
A humanidade até agora não tem nada a comemorar com o sucesso do capitalismo. Esse sistema corrompe a tudo e a todos para manter sua exploração de pé. Não pensem vocês que isso ficou no passado. A todo o momento, o sistema recorre a essas formas primitivas de exploração, quando as formas mais brandas de exploração não dão conta.
É só observar como o governo da nação imperial lida com os povos da periferia capitalista. Recentemente, ela tinha sobre seu controle a maioria dos países da América Sul, Central e Caribe, ora criando e sustentando ditaduras a seu interesse capitalista, ora manipulando o sistema econômico desses países. Invadiu o Iraque. Criou a guerra do Vietnã e Coréia do Sul. Detonou duas bombas atômicas no Japão, país hoje, diga-se de passagem, aliado do império americano, matando e mutilando crianças e idosos, sem necessidade alguma desse ato genocida.
Na atualidade, mantém um embargo econômico criminoso há 60 anos a Cuba, assim como Venezuela e outros países. A lista é enorme de crimes contra a humanidade. Mas vejam a vergonha. Não conseguiu invadir Cuba porque tinham no seu encalço uma potência comunista, que falava grosso à época que quer gostemos ou não, salvou a humanidade também do nazismo, e um povo livre e armado até os dentes para defender sua soberania. Atualmente, está procurando uma guerra na Ucrânia contra a Rússia, para tentar salvar o seu império em decadência.
É difícil, para o senso comum, enxergar a gênese desse sistema. Até porque ele próprio procura se disfarçar com uma cara comum, inocente e pura. Os Estados Unidos, como cabeça desse sistema, se arrogam, como disse Fidel em seu discurso épico “O campeão da democracia e dos direitos humanos”, mas tocam o terror no mundo inteiro. Acontece que esse sistema tem uma forma de explorar muito peculiar em todos os lugares, por isso devemos buscar na nossa história local como esse sistema se perpetuou e em que fase está nesse processo de exploração.
Estava com o compromisso de aprofundar o tema proposto, entretanto por acaso pude constatar em uma entrevista, que houve um avanço de umas das teses mais importantes, apresentadas por diversos grupos revolucionários, que defendem a importância da participação das massas na política, que a esquerda liberal vinha se negando a reconhecer, apostando apenas nas eleições como forma de luta.
Isso demonstra que os grupos revolucionários estão no caminho certo e o fato da tese já estar sendo posta em discussão é um alento para a classe trabalhadora nessa luta de classe. Nota-se também que a esquerda liberal, quando sente o bafo do povo, trata de recuar nos seus postulados e acena para propostas pseudo
radicais, tentando se mostrar à esquerda, coisa que não se coloca como tal e nem assume em palavras.