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Por José Luiz Rodrigues Sertã
A escolha desse nome para designar esse grupo é importante para definir como ele se posiciona no interesse ou não da classe trabalhadora. Tentar desqualificar o termo é dar vazão para os políticos, sindicalistas e líderes partidários esconderem suas reais intenções na luta de classe.
Ora, nessa luta, só existem dois lados fundamentais. Ou, se está do lado da classe trabalhadora, à esquerda ou do lado do capital, à direita. Por outro lado, existe aquele político, que trilhou sua vida inteira na esquerda, nunca assumiu que era de esquerda, mas trabalhou sempre para o capital.
No caso, como vamos designar esse sujeito, a não ser, como um esquerdista liberal? E liberal é todo aquele que defende a tese que o mercado regula as relações econômicas, políticas e sociais. E como o mercado é a base de sustentação dos grupos de direita, com isso, se explica a aparente contradição do termo.
A constituição dessa esquerda liberal tem como uma de suas origens, já nas discussões dos temas como revolução, soberania, nacionalismo, reforma agrária, entre os comunistas e trabalhistas, antes do golpe de 1964. Após o golpe, esses embates foram abandonados ou simplesmente apagados dos debates nos partidos e sindicatos, deixando toda a militância, às cegas, sobre a realidade brasileira, pré-64, período importante de avanço das massas, que a direita teve a percepção de abreviar, se não perderiam o controle do processo.
O não aprofundamento desses temas abriu um espaço para o aparecimento dessa esquerda liberal nos períodos subsequentes. Com isso, toda uma literatura e seus escritores foram silenciados, a exemplo dos livros “Mito e verdade sobre a revolução brasileira” 1963, de Alberto Guerreiro Ramos, “Os caminhos da revolução brasileira”1962, de Muniz Bandeira e tantos outros. No caso do livro do guerreiro, estão ali expostos com clareza diversos erros e acertos teóricos sobre o movimento comunista internacional, refletidos na nossa realidade política da esquerda.
No livro do Muniz Bandeira, é mostrado como a burguesia brasileira, depois de ter sido vanguarda na industrialização brasileira do país, de 1930/1960, abandona esse papel para aderir ao projeto intervencionista da burguesia imperialista.
O governo João Goulart, que não era nenhum governo comunista, propunha a reforma agrária, a limitação de remessa de lucros para o exterior, assim como outras medidas populares, que iam contra os interesses dos grupos de direita da burguesia, aliados ao capital internacional, que deu o golpe militar.
Nada disso foi, de alguma forma, estudado, debatido ou ventilado pelos partidos de esquerda e comunistas, nem no período pós 1964, e muito menos de 1985 em diante, quando se conquistatam as liberdades democráticas que tantos lutamos por ela. Éramos para debruçar sobre essa rica literatura e ver onde estávamos perdidos nesse processo de luta. Dentro dessa literatura, certamente estavam respostas que poderiam nos fazer avançar bastante na luta.
É possível afirmar que quem tinha o papel de combater a alienação política do povo também estava alienado dentro do seu processo de luta de classe. Como poderíamos achar simples que hoje o trabalhador, que passou décadas alienado junto com quem deveria tê-lo alertado do processo de alienação, tomar consciência de classe num curto espaço de tempo para liderar a luta?
Como estamos em um processo de situações extremas, a classe trabalhadora poderá aprender muito mais rápido sobre sua realidade do que se fosse aprender, em anos de aulas teóricas. Com isso, os trabalhadores poderão influenciar diretamente nessa luta.
Atualmente, a esquerda liberal, capitaneada pelo ex-presidente Lula, está decidida a governar o país novamente apostando que somente através do processo eleitoral vencerá as eleições, a despeito de sofrer severas críticas de que o retorno está orientado na renovada aliança com burguesia financeira e agromineroexportadora e que novamente ficará refém das frações burguesas, as mesmas que por sinal não só destituíram sua companheira homóloga como foram essas frações burguesas que o colocaram no governo para atender seus interesses.
Como acreditar num projeto desse se foi esse mesmo projeto que permitiu que as frações burguesas se mantivessem no poder de FHC a Bolsonaro?
Colocar as massas como mero espectador, em um momento que requer sua fundamental participação para definitivamente enterrar a burguesia e seus lacaios é um total descompromisso com uma nação soberana.
Só as grandes massas organizadas na política são a garantia de poder. Somente pessoas desavisadas e despolitizadas são que embarcam em um mesmo projeto, que já cumpriu no passado sua função e que agora já não mais serve aos interesses da burguesia e nem do povo trabalhador, que somente ganhou migalhas e que sofreu derrotas contra seus interesses e muito menos da nação, que perde há todo momento suas riquezas e estatais mais importantes e produtivas.
• Alienação política – Concepção que afirma que o mundo que vivemos dividido em classes miserável e injusto, faz parte da normalidade de nossa civilização.