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Por Wendell Setubal*/
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UMA de minhas netas mudou-se para um apartamento na Rua Tonelero, em Copacabana. Depois da eleição, vou conhecer a nova residência. Lembrei que a rua ficou famosa nos anos 1950.
NUMA noite de agosto, quando chegava em casa, Carlos Lacerda, jornalista bastante crítico a Getulio Vargas, despontando como o líder da direita brasileira, viu homens se aproximando e começando a atirar. Lacerda foi ferido na perna e seu segurança, major da Aeronáutica, Rubem Vaz, ferido mortalmente. Isso foi em 1954.
GETULIO ordenou investigações, mas a Aeronáutica resolveu fazer a SUA à parte da oficial. Ficou conhecida como a República do Galeão. Uma investigação paralela.
COM os depoimentos, chegaram ao mandante, Gregório Fortunato, chefe da segurança do presidente Getulio Vargas. Ele foi preso e confessou ser o mandante. A Aeronáutica queria sangue e chamou para depor o próprio Getulio. O país ficou perplexo, duvidando até que ponto iriam os militares. A pressão sobre Getulio aumentou. Ou aceitaria depor ou renunciaria, afirmavam os militares.
COM uma bala, Getulio suicidou-se em seu quarto. No dia seguinte, o povo foi para as ruas, atacando os jornais mais críticos a Vargas. Os militares queriam assumir, mas estavam divididos: tomou posse Café Filho, um mandato-tampão, pois haveria, em novembro, nova eleição para a presidência da República.
ADIOU-SE o Golpe para 10 anos depois, em 1964.
A DITADURA militar durou 21 anos. Na Argentina e no Chile, generais foram condenados e presos pela cumplicidade com o terror governamental. No Brasil, o acordo foi pelo alto, à revelia do povo, o que Lenin, líder da Revolução Russa, chamava de Via Prussiana. Um civil, Tancredo Neves, seria eleito indiretamente presidente, encerrando o período ditatorial.
ESTAS considerações vêm a propósito do desejo militar de tutelar a eleição de outubro, fazendo uma apuração paralela!!! Coincidência? Acho que não.
ALIADOS a Bolsonaro, que aumentou seus vencimentos, e com 8 mil cargos no governo, eles aderiram à paranoia de que eleições eletrônicas são fraudadas. Queriam substituir o Tribunal Superior Eleitoral, agindo como poder moderador! Pseudopacificadores (não pacificam nem as galinhas do seu quintal), querem ser o árbitro dos árbitros, como o VAR no futebol. Neste caso, prefiro a Var-Palmares do capitão Carlos Lamarca.
ANTES da urna eletrônica, havia a de papel. Os votos em branco eram preenchidos por mesários ligados a candidatos. Em uma eleição na qual fui fiscal pelo PT, uma eleitora votou em Benedita da Silva e beijou a cédula, ficando a marca do batom. O juiz eleitoral mandou anular o voto. Argumentei que a marca era secundária, a eleitora manifestara claramente sua intenção, e ele ameaçou me prender. Havia chance de fraude no local de apuração, no preenchimento do mapa com os votos e no Riocentro, para onde iam todos os votos.
UM engenheiro eletricista do TRE me falou que o sistema não circula pela Internet, o que obstaculiza os hackers.
PIOR do que isso foi a participação de militares no comício bolsonarista de 7 de setembro. Pretendem uma nova República. Do Rio das Pedras. Por isso, Tirem As Patas Do TSE, cúmplices do projeto golpista do capitão genocida!
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.
**Imagem: Sérgio Amaral/Estadão. Apuração em SP (1990).