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Por Wendell Setubal */
Imagem: Reprodução/
ERAM chamadas assim as mulheres que se prostituíam. Nunca foi uma vida fácil, reconheçamos. Tinham de aturar homens malcheirosos, de mau hálito, com exigências bizarras. E podiam até ser assassinadas, como no filme de Buñuel, A Bela Da Tarde, com Catherine Deneuve. É preferível chamar de A Difícil Vida Fácil.
E HOJE, no Brasil, está fácil ou não para as mulheres? Se já estava ruim, com Bolsonaro piorou.
COMO exemplos, o caso da garota de 11 anos, que uma juíza internou em um abrigo para impedir o aborto, pois a menina fora estuprada. Depois, outro estupro, de uma atriz, cuja história foi vazada por uma enfermeira com poucos escrúpulos, publicada por um jornalista, este sem nenhum escrúpulo. Concluiremos com o amigo de Jair, o presidente da Caixa Econômica, que assediava as funcionárias que trabalhavam em seu entorno.
A MENINA está chegando à adolescência e começam as dificuldades. Uma menina de 11 anos foi estuprada por um vizinho e a mãe levou-a a um hospital de uma cidade em Santa Catarina, para proceder ao aborto, nestes casos, permitido por lei. O hospital recusou porque só faz aborto até a 20ª semana. A menina tinha 22 semanas de gravidez. Diante da insistência da mãe, uma juíza tirou-a de casa e a levou para uma casa de abrigo, proibindo visitas da mãe da menina. Tentou convencer a menina a ter a criança, apoiada por Damares e um dos filhos de Bolsonaro. O caso viralizou e começaram os protestos sobre o cárcere, o termo é esse mesmo, em que estava a menina. Promoveram a juíza para outra cidade, ela abandonou o processo e houve o aborto. Nesse caso, a lei não menciona semanas de gravidez. Autoriza e ponto.
JÁ A ATRIZ Klara Castanho resolveu não abortar, mesmo a criança sendo fruto de um estupro. Após nascer, entregará para doação, o que a lei também permite.
UMA não quer; a outra quer. A diferença é que a juíza déspota não quer saber a opinião da mãe da menina, que ela desqualifica. Não existe consenso científico sobre quando pode ser chamado de vida o que está sendo gerado na barriga da mulher.
O CASO do desequilibrado da Caixa é diferente. Era da confiança de Bolsonaro. Abordava as mulheres e retaliava as que se negavam. O ridículo ficou com sua mulher que afirmou que as denúncias visavam destruir sua família!!! Ou é excessivamente ingênua ou mantém o casamento de fachada por questões materiais. Para falar o que falou, preferível calar-se.
CONTINUA difícil ser mulher no Brasil e não é só mudando o gênero das palavras, tipo A mandata da deputada, por exemplo, que os problemas de estupro, legislação feita por homens, salários menores, assédios serão resolvidos. Cabe discutir também o que pode avançar em um governo Lula. Vida fácil, no Brasil, tem a burguesia financeira, que não produz um palito, ganhando fortunas com mercados futuros, derivativos etc.
ESPECULA-SE que muitas mulheres serão eleitas em outubro, algumas de extrema direita, infelizmente. Na infância da humanidade, o homem ia caçar à noite e a mulher ficava na caverna. Isso tornou-o mais belicoso. Quando a mulher ocupa espaços de poder, espera-se que sua ação seja diferente, a chamada “sensibilidade feminina” (Thatcher, por exemplo, pensava como homem).
IGUALDADE salarial entre homens e mulheres. Que tal dificultar a Vida Fácil da classe dominante?
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.