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?? Por Almir Cezar Filho
Consumo de ovos (9%) e frango (7%) aumentou em 2020, o de carne bovina caiu 5%.
As mudanças no padrão de consumo vieram para ficar: nada a comemorar, principalmente para os produtores de carne bovina, seja eles os pecuaristas e os frigoríficos.
O consumo de carne caiu 5% no ano passado, para 36 kg por pessoa. É o menor nível desde 2008. Trata-se também do 4º ano seguido de queda, segundo dados compilados pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
Segundo estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o brasileiro consumirá neste ano a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos.
Tudo ficou mais caro em 2020. Veja a inflação das carnes: carne suína: + 29,5%; frango: + 17,1%; carne bovina: + 16,2%; ovo: + 11,4%. Motivo: aumento do custo dos insumos (muitos deles importados) para a criação dos animais e alta demanda externa de países como a China.
O lockdown meia-bomba brasileiro (que pouco afetou o campo e os frigoríficos), combinado com medidas preventivas do setor e o exemplo do que aconteceu lá fora que acabou sendo evitado aqui, evitou que se repetisse o que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, de falta de comida na prateleira. Por sua vez, o que aconteceu externamente, elevou a demanda internacional por nossa carne.
Mas os preços não são apenas para repor os estoques de lá fora. Há alta nos insumos, que compõem 70-80% dos custos de produção do setor. De jan/2019 até jul/2021, em média, o preço do milho saltou 170% e a soja, 120%. Os pacotes flexíveis de polietileno subiram 91% de julho de 2020 até abril deste ano.
Por sua vez, para especialistas, as mudanças no padrão de consumo vieram para ficar. Nada a comemorar. Principalmente para os produtores de carne bovina, seja eles os pecuaristas e os frigoríficos.
Se por um lado, é bom para os produtores, porque a pressão dos consumidores sobre governo por interferência diminuí, aumentando a margem para exportação. Por outro, quando houver queda na demanda lá fora, os produtores não terão mais o mercado nacional para escoar.
Veremos novamente o velho “mimimi” dos agropecuaristas nacionais mendigando junto ao governo. Esquecem, por exemplo, que há poucos anos vimos o mesmo acontecer com os produtores de suínos, quando o boom das exportações para Ásia caiu abruptamente após a recuperação dos surtos de gripe suína, sem que houvesse mercado interno para absorver.
Almir Cezar Filho
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