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Por Wendell Setubal
Imagem: Reprodução/Internet
VOCÊ já foi à Tijuca? Trata-se de um bairro bastante arborizado, em que pese o fato de ficar entre dois morros, o que o torna um local de altas temperaturas. Bucólico nos anos 1950, o bairro era recheado de casas.
O BOOM imobiliário nos anos da ditadura militar deixou-a parecida com Copacabana, exceto a ausência de praia. O tijucano não tem recursos financeiros para morar na zona Sul e desdenha dos suburbanos da zona Norte, temendo voltar para lá.
EXPLIQUEMOS: a zona Norte suburbana são os bairros que cresceram rodeando a linha de trens da Central. As que não rodeiam são Tijuca, Vila Isabel, Andaraí, Maracanã.
NOS tempos bucólicos, o tijucano era conservador. Carlos Lacerda e Álvaro Valle são dois exemplos de quem saía da Tijuca praticamente eleito. Com a modernização, a geração nova guinou para a esquerda, principalmente em torno de Chico Alencar, ligado às Pastorais mais progressistas (parte deles abandona a Igreja, entrando para organizações que defendiam a luta armada).
VOCÊ perguntará por que falo da Tijuca, em que os pobres moram nos morros, que alimentam as escolas de samba: Salgueiro, Borel (Unidos da Tijuca) e Formiga (Império da Tijuca). Igual ao restante do povo negro.
MINHA neta decidiu morar com o namorado (não quiseram casamento civil), ela criada em Copacabana, ele no Grajaú, os dois advogados.
QUANDO fui conhecer o apartamento, ela me contou, surpresa, que dava bom dia e boa noite no elevador. E ninguém respondia…
SERÁ que a Tijuca é um microcosmo do Brasil? Acho que parte da classe média tijucana, como no samba de Billy Blanco:
Não fala com pobre, não dá mão a preto/ Não carrega embrulho/ Pra que tanta pose, doutor,/ Pra que tanto orgulho?
É ESTA classe média que se delicia com Fake News, que apoia um trumpismo à brasileira, com a participação do tosco Bolsonaro. São sentimentos de ódio e raiva que parte da poderosa classe média brasileira desenvolve, rejeitando a aliança com o conjunto da classe trabalhadora brasileira.
O DONO do botequim foi superado pelo trabalhador que tem pós-graduação e sabe distinguir seus interesses.
SEM a classe média não governaremos.
POR isso, bom dia, classe média brasileira!
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.