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A SEMANA - Atos e atividades em todo Brasil para não esquecer da ditadura - CL Web Rádio

A SEMANA – Atos e atividades em todo Brasil para não esquecer da ditadura

Manifestantes se expressam contra anistia a golpistas e pela memória das vítimas da ditadura

O 1º de abril marcou 61 anos do golpe de Estado civil-militar que só acabou em 1985

Por redação Agência Pulsar*
Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

Diversas atividades e atos se realizam neste mês com motivo do aniversário do golpe de Estado consumado no dia 1 de abril de 1964 no Brasil. Naquele dia, foi deposto o presidente João Goulart, que havia assumido o cargo em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros.

Até 1985, o país atravessou um período de violações dos direitos humanos, perseguição a opositores, repressão, prisões ilegais, torturas, desaparecimento de pessoas e assassinatos. A imprensa e diversas manifestações culturais foram censuradas e também perseguidas.

Sessão especial

A Câmara dos Deputados aproveitou a data do 1º de abril para realizar uma sessão solene pelo Dia Internacional do Direito à Verdade que se comemora em 24 de março. A data foi estabelecida pelas Nações Unidas em 2010, para dar visibilidade e continuidade à luta contra as violações de direitos humanos, e insistir na busca por informações e justiça para familiares e vítimas dessas vulnerações.

A sessão especial foi proposta pelo deputado Ivan Valente e a deputada Luiza Erundina ambos do Psol-SP.

Durante a solenidade, Ivo Herzog, filho de Vladimir e Clarice Herzog, falou sobre a necessidade de conhecer a verdade.

“Nós queremos saber quem são os agentes do Estado que assassinaram os membros da nossa família. Queremos saber não para que essas pessoas sejam mandadas pra cadeia, porque muitas já morreram e algumas estão extremamente idosas, mas porque, quando a gente fala de memória, sempre concordei que nós temos que virar essa página da história, mas primeiro ela precisa ser escrita”, disse Ivo.

Vladimir Herzog, foi torturado e assassinado por militares em 1975, nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) de São Paulo. Os repressores forjaram uma cena para parecer um suicídio, mas a montagem era insustentável.

O advogado João Francisco Paiva, neto de Rubens e Eunice Paiva também compareceu à sessão especial.

“Minha avó sempre nos ensinou que a gente não podia nunca pessoalizar a luta da nossa família. Ela dizia que o grande crime da ditadura foi contra o Brasil, e não só contra a nossa família. Então, assim como existiu Rubens Paiva, existiram milhares de outras pessoas que lutaram e deram suas vidas pela democracia – movimento negro, mulheres, população LGBTQIA+, estudantes, povos indígenas, trabalhadores”, lembrou Chico Paiva.

“O seu avô, o ex-deputado Rubens Paiva foi morto por agentes da ditadura militar em janeiro de 1971. Seu corpo nunca foi encontrado”

Lembrar para não repetir

Em entrevista ao jornal Conexão BdF, Gabriel Sampaio, advogado da Conectas Direitos Humano afirmou que a memória é uma ferramenta fundamental para garantir a construção de um presente e futuro mais justos e democráticos.

“Estamos em um momento em que é muito importante recuperar todos os nossos horrores históricos e sofrimento que passamos para construir o processo democrático”, disse Sampaio.

O advogado vinculou as ações golpistas que estão sendo julgadas no Supremo Tribunal Federal (STF) com a oportunidade de visibilizar e não esquecer o golpe de 1964.

“O STF está num momento importante, tanto ao reprimir movimentos golpistas realizados em janeiro de 2023, como com a possibilidade de discutir os crimes ocorridos na ditadura militar”, avaliou o advogado.

Por unanimidade, ministros da Primeira Turma do STF decidiram receber a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais de 33 pessoas aliadas, por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes contra a democracia.

Em cidades capitais e outras localidades do Brasil, se realizaram mobilizações contra a possível anistia das pessoas acusadas pelo ataque aos três poderes da República acontecido no dia 8 de janeiro de 2023.

As manifestações começaram neste domingo, em Fortaleza (CE), Brasília (DF), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP) e Recife (PE), entre outras cidades. No dia 1º, na cidade de Rio de Janeiro, o ato aconteceu frente ao antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) que foi um centro de detenção e tortura durante a ditadura. Os manifestantes pronunciaram de forma constante as demandas “’Sem anistia para torturadores e golpistas’ e ‘Ditadura nunca mais’.

Em diálogo com o Brasil de Fato durante a passeata no Rio de Janeiro, a deputada estadual Marina do MST (PT), comemorou o povo estar nas como uma vitória da democracia brasileira.

“Bolsonaro réu é o reconhecimento de que ele é um golpista, que ele planejou (…) ele queria fazer outro golpe tão ou maior do que o da ditadura militar no Brasil. Esse ato hoje, pela memória, pela homenagem aos que lutaram, aos familiares, pela ditadura nunca mais e pela anistia zero para golpista, é um marco da democracia brasileira”, afirmou Marina.

História da Ditadura

Na segunda-feira (31), o Senado realizou o relançamento da coleção de livros gratuitos “História da Ditadura: do golpe militar à redemocratização”, como parte de um seminário sobre o golpe de 1964 e suas consequências.

A coleção está formada por três tomo: 1 -1964 Visto e Comentado pela Casa Branca, de Marcos Sá Corrêa; 2 – Sessenta e Quatro: Anatomia da Crise, de Wanderley Guilherme dos Santos; e 3 – 1964: Álbum Fotográfico de um Golpe de Estado, publicação, organizada por Heloisa Starling, Danilo Marques e Livia de Sá.

Durante o evento acontecido na segunda-feira (31) o filósofo João Vicente Goulart, filho do presidente João Goulart, lamentou a falta de memória de parte da população brasileira que pede a volta da ditadura. Ele elogiou o seminário como uma forma de retratar a verdade de um período triste da história do país.

* Com informações da Agência Senado, Agência Câmara e Brasil de Fato

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