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Por Wendell Setubal*
Fotos: Reproduções internet
A POLÍCIA militar mais violenta do Brasil. Governada pelo PT há mais de oito anos!!!
MÃE Bernadete era líder de um quilombo ambicionado por muitos pela qualidade da agricultura. Há sete anos assassinaram seu filho. Ela foi ameaçada de morte. Pediu proteção. E a PM? Passava por lá uma vez por dia!!! Isso é que é segurança. As câmeras não funcionavam.
FOI sempre assim? Não, voltemos ao passado.
TOMEMOS o Rio de Janeiro como exemplo. Nos anos 1950, a dupla de PMs que circulava na avenida Atlântica era chamada de Cosme e Damião. Hoje, a PM é temida e odiada.
HAVIA um policial civil que subia o morro em uma moto e lá convencia o sujeito a se entregar, dando garantia de que ficaria preso normalmente, aguardando julgamento. Milton Le Coq foi da Guarda Pessoal de Getulio Vargas, não era violento e cumpria os acordos. Morreu em um confronto com um assaltante de bares na Zona Norte, Cara de Cavalo. A perseguição a Cara de Cavalo mobilizou mais de mil policiais e ele levou 52 tiros. Isso foi em 1964 e esta retaliação chocou a opinião pública.
SE já estivesse fazendo crônicas, talvez se interessasse pelo tema. Anos depois ela escreveu sobre outro bandido famoso, Mineirinho. O nome dela era Clarice Lispector.
OS 52 tiros foram o embrião da Scuderie Le Coq, autodenominados Homens de Ouro, todos policiais. Le Coq não era violento, mas a Scuderie, verdadeira formação de quadrilha, passou depois a se chamar Esquadrão da Morte. Já estávamos em plena ditadura militar e o governador da Guanabara era Carlos Lacerda, político de direita. A morte de Le Coq, a Scuderie, o Esquadrão da Morte, tudo isso aconteceu em 1964, ano do golpe. O Esquadrão da Morte foi muito atuante em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Uma das vozes críticas era a de Dom Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu. O Esquadrão o sequestrou, deixou-o nu na estrada, como uma primeira ameaça. Dom Adriano não recuou e denunciou a complacência do governo com os policiais.
[Em 1962, um batalhão da PM foi chamado para reprimir uma manifestação no Jardim do Méier. A ordem era de bater nos manifestantes com um cassetete. Um soldado se recusou a bater e se escondeu embaixo de um ônibus. Este soldado hoje tem 89 anos, aposentado como capitão da PM de Brasília. É meu tio, José Maria Sussuarana.]
NOS anos 1970, a grande propriedade rural ficou mais concentrada, expulsando o homem do campo; os avanços tecnológicos poupavam mão de obra, levando a um dos maiores fluxos migratórios do século XX, só superado pelo da China.
OS pobres foram para a periferia e favelas. Simultaneamente, caiu o preço da cocaína e o Brasil passa a ser visto como um grande mercado a ser explorado. Em 2002, um terço da cocaína que chegava no Jacarezinho era consumida no local.
BANDIDO para a polícia é quem faz parte do tráfico. Para a população, é quem rouba seu celular e o pouco dinheiro na carteira.
A retomada do crescimento e a queda dos preços e do desemprego, embora de forma lenta, possibilitam às pessoas aumentar o consumo, mas com o temor de serem roubadas.
MORRE uma criança em um confronto entre policiais e traficantes. A cúpula da PM anuncia um “rigoroso inquérito”. Morre um PM. Em retaliação, dezenas de jovens negros da periferia são assassinados, todos bandidos, é claro, na ótica policial.
GROSSO modo, a direita entende a pauta Segurança Pública como repressão. Já a esquerda por muito tempo não dava a importância que merecia o tema. No socialismo, tudo se resolverá.
A PM de um estado governado pela direita é a que mais mata, certo? Errado. A polícia da Bahia, com oito anos de governo petista. Mata mais que a do Rio de Janeiro, mais do que a de São Paulo e, acredite, mais do que a norte-americana. Em compensação, a Bahia ocupa as últimas posições referentes ao aprendizado escolar…
ANTES a Bahia dava régua e compasso. Hoje, tiros. Um Zé Maria faz falta.
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.
