Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
Por Almir Cezar Filho*
Fotos-montagem/Reprodução internet
[Da Redação] – Em um momento de virada histórica, a República de Artsakh, também conhecida como Nagorno-Karabakh, anunciou sua rendição ao Azerbaijão, encerrando um conflito de décadas e estabelecendo um cessar-fogo completo na região. Esta reviravolta surpreendente e complexa tem repercussões profundas não apenas para os envolvidos diretos, mas também para a geopolítica regional.
As implicações dessa rendição são significativas, com várias medidas já anunciadas pelas partes envolvidas:
As forças armênias que ocupavam Nagorno-Karabakh estão comprometidas a desmantelar suas posições e desarmar-se, marcando uma mudança radical na paisagem militar da região.
As forças da República Armênia estão planejando o retorno às suas terras natais, indicando o início de um processo de desocupação armênia em Nagorno-Karabakh.
Civis em Nagorno-Karabakh deverão se reunir com as autoridades do Azerbaijão para discutir questões de reintegração com base na Constituição e nas leis da República do Azerbaijão.
As forças de paz russas desempenharão um papel fundamental na coordenação do acordo, trabalhando em conjunto com a Armênia e o Azerbaijão.
Este desenvolvimento marca o fim de uma era para a República de Artsakh, uma região que foi palco de conflitos e tensões desde o colapso da União Soviética. Para os armênios que viram a região conquistar uma independência efêmera após uma guerra nos anos 90, a rendição representa um golpe doloroso e inesperado.
Observadores internacionais têm observado a situação com preocupação, com algumas vozes destacando o papel complexo que o Azerbaijão desempenha no cenário global. Enquanto o Azerbaijão é conhecido por suas relações próximas com a Rússia, agindo como intermediário russo na venda de gás natural para a Europa, a Armênia tem buscado se aproximar do Ocidente, mudando seus laços com os russos.
Há preocupações legítimas quanto à proteção dos direitos e da segurança da população armênia em território azerbaijano, especialmente considerando relatos de ensinamentos negativos em relação aos armênios. No entanto, a questão da autonomia pode desempenhar um papel crucial no estabelecimento de relações mais pacíficas e estáveis entre as comunidades.
A traição percebida da Rússia também está sendo debatida intensamente. O acordo de 2020 isolou Nagorno-Karabakh da Armênia, mas os russos prometeram manter aberto o corredor Lachin, que liga a Armênia à Nagorno-Karabakh. A falta de cumprimento desse acordo por parte da Rússia resultou no isolamento da região, um fator que muitos armênios consideram traiçoeiro.
O Primeiro-Ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, afirmou que a Armênia não participou das negociações que culminaram na rendição, revelando uma série de reviravoltas dramáticas nas posições políticas e militares da região.
Embora a rendição tenha sido anunciada, ainda não estão claros os próximos passos do Azerbaijão em relação à região. As atenções agora se voltam para a implementação do cessar-fogo e as implicações geopolíticas dessa virada dramática nos eventos em Nagorno-Karabakh. A situação permanece fluida e em evolução, com desdobramentos imprevisíveis que exigirão uma análise contínua e atenta.
*Almir Cezar Filho – Economista, apresentador do programa Economia É Fácil [na Web Rádio Censura Livre] e editor da ANotA – Agência de Notícias Alternativas.