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Por Wendell Setubal**
Foto: Sepultamento de Vargas, 1954. Reprodução/ Internet
A SEMANA foi rica de alterações na política brasileira. O Centrão entrou no governo, a Lava Jato acabou e o major Cid optou pela Delação Premiada. E a Esquerda, o que achou?
NOVO Ministério – O governo Lula incluiu o Centrão no governo em troca do apoio no Congresso. Uma crítica de esquerda alegou que se fosse para aprovar a Reforma Agrária ou a revogação da Reforma Trabalhista, aprovada no Governo Michel Temer, tudo bem. Do contrário, não valeria a pena, conclui Gilberto Maringoni, o autor da crítica.
JAMAIS o Centrão entraria no governo para enfrentar o grande capital, defensor de uma Reforma que tirou direitos dos trabalhadores. Essa situação permanece por causa da correlação de forças, amplamente desfavorável para a esquerda, que não consegue centralizar as lutas. Com aval do Centrão, Lula vai entregar um pacote social-democrata aos trabalhadores. Pouco? Comparando com Bolsonaro…
ENFIM, A Delação – Cid, o major ajudante de ordens de Bolsonaro, vai fazer a Delação Premiada, ou seja, apresentar provas de delitos cometidos por Bolsonaro. Pode ser a pá de cal para o falso mito. Cai a credibilidade do capitão, que pode ser preso, mas ATENÇÃO, as ideias conservadoras continuam, fazem parte, gostemos ou não, do que pensam no mínimo um terço dos brasileiros. A Papuda te espera, Jair.
FIM da Lava Jato – Luciana Genro, do PSOL, corrente MES, Movimento de Esquerda Socialista, dia sim dia não elogiava a Lava Jato. Setores da classe média vibravam com a coragem do juiz Sérgio Moro. Empresários pela primeira vez eram presos, mas, estranhamente, eram presos de forma que a culpa era evidente, quase um julgamento.
NA prisão, Moro prometia salvá-los, desde que acusassem Lula. Alguns diretores da Petrobras recebiam propina de empresários que negociavam com a estatal poderosa. De repente, Moro conduzia a investigação para a porta do Planalto. Entre uma prisão e outra, a ideia de que o problema do Brasil não é a desigualdade agravada pelo capitalismo, mas a corrupção dos políticos. A classe média adora esse discurso.
RESULTADO – Um tríplex em Santos, que uma construtora iria dar para Lula, foi a prova definitiva e Lula foi condenado. O processo não foi julgado em Santos, mas em Curitiba!!! Nenhuma escritura assinada por Lula. “Irrelevante”, pensava a Direita.
O SUPREMO liquidou na semana passada a Lava Jato, que foi uma aliança entre um setor do FBI, ligado a Obama, e os juízes de Curitiba para impedir a volta de Lula. O farsante virou ministro e depois senador. Luciana Genro passou o “cargo” para Sâmia, a voz da Corrente. Lula? É presidente da República.
(*) Foi em agosto de 1954 que Getúlio Vargas se suicidou. Em 1961 Jânio Quadros renunciou à presidência depois de 8 meses. Os acontecimentos da primeira semana de setembro — a delação do major, o fim da Lava Jato e o novo ministério de Lula — lembram agosto.
**Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.