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Por Wendell Setubal/
Foto: Reprodução/
LULA, sua mãe e seus irmãos chegaram em São Paulo no caminhão apelidado de Pau de arara, pedaços de madeira fazendo as vezes de banco.
Bolsonaro veio do interior de São Paulo e depois estudou em Agulhas Negras. Chegou a capitão, mas saiu do Exército acusado de atos de rebeldia.
BOLSONARO conseguiu diminuir a diferença com Lula, e se isso se confirmar haverá segundo turno. O vale-tudo. Tem explicação?
AS ANÁLISES sobre o bolsonarismo que não partem da questão internacional não dão conta de explicar o fenômeno. A crise econômica de 2008 provocou um racha na burguesia mundial: o setor financeiro hegemônico deparou com os trabalhadores desempregados, vítimas da desindustrialização, em que, buscando cortar custos, os industriais transferiram sua planta industrial para a China.
NO CASO da Europa, os países se queixavam da liderança alemã e o nacionalismo voltou, acompanhado de xenofobia e racismo, inclusive na classe operária.
A CRISE de 2008 chegou ao Brasil com lentidão e a classe média baixa assistia à TV, que mencionava os gastos milionários com a construção de estádios para a Copa do Mundo. Esta classe média é que foi em massa para a rua, em 2013.
O PETISMO não conseguiu distinguir o que era direita e o que era esquerda. Enfiou tudo no grande balaio e a CUT foi às ruas para elogiar o governo e cobrar promessas de campanha. Fracasso enorme.
A DIREITA começou a criar grupos online onde tais questões eram debatidas. O governo Dilma, mais perplexo do que a torcida brasileira na goleada alemã, desonerou empresas para aumentar o investimento, mas não surtiu efeito. Aécio Neves no Senado buscou elementos que justificassem um impeachment. A burguesia fez greve de investimento e criou as condições para afastar Dilma Rousseff.
OS GRUPOS de zap, de twitter e outros, de direita, encontraram em Jair Bolsonaro o líder natural. As denúncias de propina na Petrobras deram musculatura a esses grupos, que passaram a assumir que eram de direita.
BOLSONARO era o escoadouro de três forças: a burguesia neoliberal (que preferia um candidato menos tosco, mas fazer o quê?), setores neofascistas, com destaque para Olavo de Carvalho, e os evangélicos. Nada a estranhar, porque, em 1964, a Igreja católica conservadora deu aval ao golpe; hoje, são os pastores.
SÃO estas forças que gradativamente fizeram a candidatura Bolsonaro crescer. O último DataFolha mostra que ele está quase encostando em Lula, que está no teto de sua pontuação.
Se parte dos eleitores de Ciro for pelo voto útil, o caminhão pau de arara dispara. Principalmente se Bolsonaro não conseguir diminuir seu alto índice de rejeição. Se conseguir, a moto irá para o segundo turno.
E tudo pode acontecer.
#pesquisa #eleições2022
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.
