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Por Wendell Setubal*/
Foto: Reprodução/Internet
MAO Zedong chamava os Estados Unidos de Tigres de Papel. Eles poderiam jogar uma bomba atômica na China e matar milhões, mas a população passava de um bilhão. Milhões sobreviveriam. Já uma bomba enviada pela China poderia matar todos os americanos. Na Revolução Cultural dos anos 1960, Mao prendeu o “direitista” Deng Xiaoping. Quando Mao morreu, madame Mao, ultraesquerdista, perdeu a luta dentro do Partido Comunista Chinês para Xiaoping. Ele restaurou o capitalismo na China, atraindo investidores com a promessa de terrenos, isenção temporária de impostos, subsídios, além de mão de obra barata.
A PARTIR daí, a China teve crescimento de dois dígitos por vários anos e hoje é a economia que emparelha com os Estados Unidos. Pratica um capitalismo estatal, uma aliança entre Estado e burguesia produtiva.
JÁ nos Estados Unidos, a financeirização do capital impulsionou a globalização; durante o dia, investidores assistem à queda da Bolsa em Tóquio. Depois, a alta da Bolsa em Londres e vai por aí. O capitalismo financeiro não produz nada palpável, é um cassino em que se aposta no mercado futuro, nos derivativos, papel comprando papel. Além disso, em 2021, último dado, a balança dos EUA continua negativa: exportou mais ou menos 151 bilhões de dólares, mas importou mais ou menos 259 bilhões. Dívida dos EUA: 30 trilhões de dólares!!! Quem é o maior credor, que detém os Títulos da Dívida Pública? A China.
TECNICAMENTE, estão falidos os norte-americanos, mas emitem a moeda de troca do mundo, o dólar, por isso dão as cartas. O valor do dólar como moeda de troca foi uma das resoluções do Acordo de Bretton Woods, nome da cidade em que mais de 40 países discutiram o butim da Segunda Guerra. A garantia de ser moeda forte, seu lastro, era o ouro dos Estados Unidos. Com os gastos crescentes da Guerra do Vietnã, Richard Nixon, em 1971, acabou com a convertibilidade do dólar ao ouro. É papel, vale porque emitido pela polícia do mundo, os EUA.
A NOVA Guerra Fria, desta vez entre China e EUA, é uma das causas do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Enfraquecer a Rússia, dona de muitas armas nucleares, é fundamental para os norte-americanos, pois ela é o grande aliado da China. E o Brasil?
EXISTE um Acordo Econômico de Cooperação chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). É uma das formas que a China pode usar, trocando produtos, fazendo intercâmbios etc. Se Lula ganhar, pode haver a revitalização do BRICS, objetivando, entre outras coisas, disseminar a moeda virtual que a China experimenta para, fortalecida, enfrentar o dólar.
EUA X China está só começando, mas o predomínio do Made In China é visível. O coletivo superando o anarcocapitalismo da liberdade abstrata. Alguma semelhança com nossa tragédia, Lula X Bolsonaro, NÃO será mera coincidência.
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.
