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Por Wendell Setubal*/
Ilustração: Reprodução/Internet
O PREDOMÍNIO do imperialismo norte-americano no mundo não deixa o Brasil de fora: Lula ou Bolsonaro vão governar negociando o possível com o Império. Lógico que prefiro que Lula esteja do lado de cá da negociação, mas não tenhamos ilusões: as margens de manobra são mínimas.
[OS Estados Unidos impõem sanções comerciais à Rússia. É para ajudar a Ucrânia, diz a mídia, que compra o discurso norte-americano. A Rússia corta o gás da Polônia. Chantagem, diz a mídia.]
APARENTEMENTE, não interessa ao Império uma ditadura militar no Brasil, com o fantoche Bolsonaro fingindo ser o Mandachuva. Pode haver golpe, morrer gente, mas não se sustentaria. Lula será bem-vindo, desde que não questione o papel neocolonial de país exportador de commodities – minério de ferro, agricultura, petróleo – com a mão de obra majoritariamente no setor de Serviços. Nossa desindustrialização foi acentuada a partir do boom chinês, que gerou uma nova Divisão Internacional do Trabalho.
ISTO permite que os Estados Unidos tenham 5% da população mundial, mas consumam 25% da energia produzida no mundo (dados de István Mészáros). No momento, quem questiona mais este modelo são os partidos fascistas europeus, principalmente os franceses.
E A ESQUERDA? Se no Brasil a social-democracia tem fôlego por ter produzido um Lula, na Europa foi surrada durante anos na Alemanha e agora na França. A esquerda socialista, com a qual me alinho, disputa eleições e briga por cotas para mulheres e negros em instâncias possíveis e imagináveis. Chama isso de luta de classes. No PSOL, do qual sou filiado, homens, brancos e héteros dão a tônica, mas, se for mulher, pertencer a alguma tendência, for negra e homossexual, TAMBÉM vai dar a tônica. Disputando eleições. Sempre disputando eleições.
HÁ a esquerda rebelde, como UP, PCB e PSTU, que quer estatizar bancos, não pagar a dívida interna, duplicar o valor do salário mínimo e vai por aí. Vive no mundo das certezas ideológicas. Dúvidas? Caso haja, serão resolvidas relendo este ou aquele trecho de Lênin…
UMA correlação de forças desfavorável nos leva para o terreno eleitoral. É necessário, mas paga um alto tributo, levando à acomodação. Por isso, não podemos nos abster de disputar eleições. E depois disputar a próxima, a seguinte… Sempre disputando eleições. Lula contra Bolsonaro. Biden à sombra.
*Wendell Setubal – Revisor de texto com Pós-Graduação pela PUC-MG. Publicado originalmente na página Fato e Ideias no Facebook.